Oi, Passarinhas e Passarinhos!
Quando a gente pensa em dança tribal, especialmente no FCBD®/ATS®, quase sempre vem a mesma imagem. Um grupo dançando junto, em sincronia, com figurinos marcantes, saias amplas, cholis, turbantes e joias criando uma estética forte e unificada. É bonito, impactante e passa uma sensação clara de união e potência coletiva.
Mas quem dança sabe que o FCBD®/ATS® vai muito além da imagem. Por trás dessa estética existe uma filosofia profunda, cheia de camadas, que fala sobre arte, criação e convivência. Não são apenas regras de dança. São princípios que refletem quem somos como pessoas e como grupo.
Hoje quero compartilhar com vocês duas refelxões do FCBD®/ATS® que, ao longo dos anos, transformaram minha forma de dançar e de ensinar. São aprendizados que não aparecem à primeira vista, mas que fazem toda a diferença quando a gente se permite viver o estilo de verdade.
#1: repetir não limita, aprofunda
Em algum momento, toda pessoa que dança ATS pensa que não aguenta mais dançar as mesmas músicas. Isso acontece com iniciantes e com quem já dança há anos. Vivemos num mundo que valoriza o novo o tempo todo, então repetir pode parecer cansativo ou pouco criativo.
No FCBD®/ATS®, acontece o contrário. A repetição é intencional e essencial. Como dançamos em improviso em grupo, o objetivo não é apenas acompanhar a música, mas escutar profundamente e traduzir cada detalhe com o corpo. Quando a música está completamente memorizada, ela deixa de ocupar a cabeça e passa a habitar o corpo.
É como cozinhar com poucos ingredientes. Com ovo, tapioca e queijo, é possível criar preparos completamente diferentes. O sabor muda, a textura muda, a experiência muda. A criatividade não está na quantidade de opções, mas na forma como combinamos o que já temos.
No ATS, a brincadeira é essa. Usar um vocabulário conhecido de movimentos e uma música conhecida por todas para criar algo novo a cada dança. A escolha muda, a intenção muda, a leitura da música muda. A criatividade nasce justamente desse mergulho profundo, não da troca constante de estímulos.
#2: tribal não é perfeição, é prática de humanidade
Muitas pessoas se aproximam da dança tribal buscando uma ideia de comunidade ideal. Um grupo onde tudo flui, onde não existem conflitos e onde todas estão sempre alinhadas. Essa busca por união faz sentido, mas a realidade do tribal é muito mais humana e, por isso, muito mais potente.
O chamado Tribal Lifestyle não está na estética externa, nem em um jeito específico de se vestir ou se expressar. Ele se sustenta em uma palavra central: respeito. Respeito pelo espaço do outro, pelo tempo do outro, pelos limites e pelas diferenças.
A comunidade tribal é formada por pessoas reais. Pessoas erram, têm ego, se frustram, se magoam e aprendem no caminho. A força do grupo não vem da ausência de falhas, mas da forma como lidamos com elas. A estrutura do ATS, com liderança que circula e dependência mútua, nos convida o tempo todo a ouvir, ceder, confiar e assumir responsabilidade.
Dançar juntas nos ensina a perceber quando avançar, quando esperar, quando sustentar e quando seguir. Essas são habilidades que vão muito além da dança. Elas constroem maturidade, presença e consciência de grupo.
Para levar além da dança
Essas duas reflexões se conectam. A repetição ensina foco, escuta e profundidade. A convivência ensina respeito, humildade e cuidado coletivo. A estrutura da dança molda não só o corpo, mas também a forma como nos relacionamos.
Fica a reflexão para vocês, Passarinhas (os). E se a verdadeira criatividade e as conexões mais fortes da nossa vida também estiverem justamente aí? Não na busca constante pelo novo ou pelo perfeito, mas na coragem de aprofundar o que já temos e de aceitar a nossa humanidade em movimento.
Nos videos abaixo eu abordo exatamente esses assuntos. O primeiro é um resumo da live feita por IA e o segundo é o video orginal.
Com amor,
Rebeca Piñeiro